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Foto do escritorGeovanne Solamini

Por que grandes sucessos não agradaram o público no ‘Vale a Pena Ver de Novo’?

As novelas são parte integral do imaginário popular brasileiro, e a pauta de reprises sempre é muito comentada. Sempre que uma reapresentação chega em sua reta final no “Vale a Pena Ver de Novo”, começam as especulações de qual será a próxima atração da faixa, sejam em comentário do público comum, da mídia, ou das redes sociais – consequentemente sendo tema de diversas notícias falsas, anunciando reprises que nunca vieram ao ar.


Esse assunto é relativo, uma vez que temos histórias para todos os gostos e públicos, mas nota-se que é muito difícil entender o telespectador de telenovelas.

Na última década, durante a gestão de Sílvio de Abreu na dramaturgia da Globo, percebe-se que novelas de grande audiência em sua exibição original afastaram o público em suas reprises. Assim como qualquer programa, o “Vale a Pena Ver de Novo” passa por seus altos e baixos, mas o que explica a baixa audiência de novelas muito pedidas pelo público?


Com a queda da classificação indicativa, novelas consideradas “pesadas” puderam ser exibidas, mas escolhas equivocadas ou tardias, edições longas e/ou mal feitas podem explicar sua má recepção. Neste texto, citamos cinco de novelas de sucesso que não foram bem nas suas reprises.

Cobras & Lagartos (2006)

A segunda novela das 19h escrita por João Emanuel Carneiro, e seu trampolim para ser “promovido” ao horário das 21h com “A Favorita”, de 2008. É lembrada com muito carinho pelo público por seus personagens populares e carismáticos, como Foguinho (Lázaro Ramos), um vendedor ambulante que se torna milionário por acidente, e as vilãs ambiciosas Leona (Carolina Dieckmann) e Ellen (Taís Araújo). Reprisada entre julho de 2014 e janeiro de 2015, a novela teve sua reapresentação adiada diversas vezes pois não era liberada pelo Ministério da Justiça, sendo considerada imprópria para o horário por conter muitas cenas de sexo e violência. Quando finalmente foi aprovada, após nove anos, entediou os telespectadores com tramas secundárias desinteressantes, das quais o público não se recordava.


Celebridade (2003)

Em 40 anos de “Vale a Pena Ver de Novo”, esta foi a novela que mais teve que esperar por sua primeira reprise: entre outubro de 2013 e dezembro de 2017, lá se foram 14 anos. Um dos maiores sucessos de Gilberto Braga, a novela protagonizada por Malu Mader e Cláudia Abreu é lembrada pela sua atmosfera luxuosa, vilões maquiavélicos, paixões tórridas (o casal de vilões se chamavam de “cachorra” e “michê”) e dramas fortes (incluindo uma mãe que culpava o filho mais novo pela morte do filho mais velho). Talvez, por isso mesmo, ela funcione apenas depois do “Jornal Nacional”. Exibida às tardes, viu sua audiência despencar rapidamente, sendo mutilada pela edição, talvez para se adequar ao horário, talvez para antecipar seu fim. Nem personagens cômicos como Darlene (Deborah Secco) conseguiram garantir ao público o escapismo que a faixa pede.


Belíssima (2005)

Um grande drama policial, escrito pelo então chefão da dramaturgia Sílvio de Abreu, “Belíssima” é lembrada por sua vilã, Bia Falcão, um dos maiores papéis de Fernanda Montenegro na TV – ainda que a personagem ficasse afastada da novela por muitos meses, após forjar sua morte. Esperou 13 anos para ser reprisada por conta de suas tramas fortes, impróprias para o horário, e teve audiência muito instável em sua reprise, apesar de ter sido a 3ª maior audiência no horário das 21h na década de 2000. Ao contrário de “Celebridade”, foi exibida quase sem cortes, talvez um reflexo de ser selecionada por seu próprio autor para ser reprisada. A trama central, muito séria, afastou o público, e os núcleos cômicos não foram o suficiente pra chamá-lo de volta. Até os bons índices de audiência tiveram um “culpado” externo: os jogos da Copa do Mundo, exibidos antes ou depois dos capítulos.


Ti-Ti-Ti (2010)

Adaptação de Maria Adelaide Amaral da novela original de Cassiano Gabus Mendes, de 1985, o remake de “Ti-Ti-Ti” foi pedido pelo público nas redes sociais por mais de uma década, público que foi frustrado por muitos anúncios falsos e adiamentos – você pode ler sobre os possíveis motivos na demora pra essa reprise aqui. Atração atual do “Vale a Pena”, exibida desde o final de março, a novela patina na audiência e não tem gerado muita repercussão nas redes sociais, que tanto pediram por sua reapresentação. Tendo mais de 200 capítulos em sua exibição original, a edição chega a juntar três capítulos em um só na reprise, numa tentativa de agilizar a novela. Nem as loucuras de Victor Valentim (Murilo Benício), Jacques Leclair (Alexandre Borges) e Jaqueline (Cláudia Raia), nem os inúmeros desencontros amorosos têm sido suficientes pra prender a atenção do grande público.


Também podemos citar uma exaustão do público com reprises em geral, uma vez que desde março de 2020, por conta da pandemia da Covid-19, a teledramaturgia da TV aberta vive praticamente apenas de reprises (com exceção dos capítulos inéditos de “Amor de Mãe” e “Salve-se Quem Puder”) que não vão acabar tão cedo, mas isso é assunto pra outro texto. Ou também, com a disponibilidade do streaming, a sessão de reprises da TV Globo não é mais tão esperada. Fica o questionamento!


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