Recentemente, o Grupo Globo vem investindo em sua plataforma de streaming, o Globoplay. Foi a primeira emissora brasileira de TV aberta a disponibilizar por assinatura os seus produtos com o slogan “assista onde e quando quiser” e que só vem crescendo ao longo dos seus 5 anos de existência.
A plataforma iniciou com a disponibilidade dos conteúdos exibidos em 2015, com a espécie de um arquivo com todos os seus programas que passaram na TV, exceto alguns conteúdos do início da década, e não parou por aí. Com a grande concorrência, apostou nas séries e filmes internacionais e alguns até com exclusividade em sua plataforma.
Não demorou muito e, após mudanças no departamento de entretenimento, criou-se os “Estúdios Globo”, nome que denomina tudo que é produzido pelo mesmo e começaram a surgir os programas, séries, filmes e documentários exclusivos, produzidos nos estúdios localizados no Rio de Janeiro.
Também inovaram ao fazerem acordos comerciais, nos quais criaram novos planos de assinatura, um com acesso aos canais da TV paga do grupo e outro, uma parceria com a Disney.
Em 2020, foi anunciada uma novidade, a inclusão de uma novela clássica a cada duas semanas, onde um vídeo de divulgação apresentava os títulos que entrariam para a plataforma. Novelas da década 70 até sucessos dos anos 2000. Com isso, os números de assinantes aumentaram de uma maneira expressiva e as novelas viraram assunto do momento nas redes sociais.
Selecionei alguns dos melhores títulos disponíveis até então, que valem a pena maratonar!
A Favorita (2009)
A primeira novela de João Emanuel Carneiro, no horário nobre em 2008, vinha com o intuito de confundir o público, dividindo opiniões em quem era vilã e quem era a mocinha. Foi também a primeira novela a ser disponibilizada na plataforma, em junho de 2020, e sempre foi uma das mais pedidas pelo público que pode ver a novela pela primeira vez em HD.
Contava a história da dupla sertaneja Faísca e Espoleta ou Flora (Patrícia Pillar) e Donatella (Cláudia Raia), que deram um show na pele das protagonistas. O ponto de partida da novela é o assassinato de Marcelo Fontini e o mistério de qual das duas foi realmente a assassina. É uma história com muitas reviravoltas e que fez sucesso na Internet com os memes originados das cenas de Flora e Silveirinha (Ary Fontoura).
Vale Tudo (1988)
O pano de fundo da trama, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, era a inversão de valores sociais no Brasil do final da década de 80. Mas, apesar de alguns elementos bem pontuais da época, o texto e os conflitos da novela continuam, infelizmente, muito atuais – como dizem os anúncios da novela no Globoplay: “2020 nunca foi tão 1988”.
Reunindo o alto escalão da Globo (destaque para Glória Pires, Regina Duarte, Antônio Fagundes e Renata Sorrah) em personagens icônicos, a novela retratava o contraponto de caráter entre as classes socioeconômicas, com realismo e complexidade, num folhetim clássico e muito envolvente.
Mas, sem dúvida, o grande nome da novela foi Beatriz Segall, com sua Odete Roitman, retrato fiel da burguesia carioca, mulher rica, soberba e intolerante a todos que julgava inferiores a ela. O mistério em torno de seu assassinato parou o Brasil, causando uma repercussão até então inédita na teledramaturgia. A dúvida sobre “quem matou Odete Roitman” se estendia aos bastidores: a própria equipe da novela só descobriu a identidade do assassino poucas horas antes do último capítulo ir ao ar.
Laços de Família (2000)
Drama familiar protagonizado por Vera Fischer na pele de mais uma Helena de Manoel Carlos, na novela exibida em 2000. Como o próprio nome já diz, o pano de fundo eram os conflitos familiares da sociedade carioca. A trama, depois de 20 anos, ainda divide opiniões por debater o relacionamento de Helena com Edu (Reynaldo Gianecchini), 20 anos mais novo do que ela, e a questão de sua filha Camila (Carolina Dieckmann) ter se apaixonado por ele.
Mais uma história em que a protagonista se anula quando termina seu relacionamento dando caminho à filha e quando a mesma descobre uma leucemia, onde Helena engravida para salvar a vida de Camila. A cena em que Camila raspa a sua cabeça é uma das mais emblemáticas da teledramaturgia brasileira e, até hoje, é lembrada quando se fala na novela e pela música Love By Grace, de Lara Fabian.
Brega & Chique (1987)
Comédia de Cassiano Gabus Mendes foi um grande sucesso no horário das 19h, em 1987. A trama gira em torno de um triângulo amoroso entre Rosemere (Glória Menezes), Rafaela (Marília Pera) e Herbert Alvaray (Jorge Dória/Raul Cortez). Elas não sabem da existência do mesmo homem em suas vidas e, por conta do destino, se tornam amigas.
Uma novela em que as protagonistas invertem os papeis e trocam de classe social, o que é interessante e divertido acompanhar o desenvolvimento delas à nova classe pertencente.
O Clone (2001)
Ambientada no Marrocos e Rio de Janeiro, a trama de Glória Perez usava a história do amor proibido da muçulmana Jade (Giovanna Antonelli) e do brasileiro Lucas (Murilo Benício), como uma alegoria para discutir temas praticamente inéditos como a ética na clonagem humana, os contrapontos entre o ocidente e o oriente, entre ciência e religião e as consequências do vício em drogas ilícitas – este retratado não somente pelos personagens da novela, como também por depoimentos reais.
Aqui, a autora atingia o ápice de seu estilo: a sensibilidade em abordar temas complexos, sérios, de responsabilidade social, didáticos na medida certa, tudo permeado por personagens cativantes e de grande apelo popular. Entre eles: Dona Jura (Solange Couto), Odete, uma subcelebridade do Piscinão de Ramos (Mara Manzan) e Nazira (Eliane Giardini), além dos bordões inesquecíveis de diversos personagens, como o “Inshallah” da pequena Khadija (Carla Diaz). Tudo muito bem amarrado pela direção poética de Jayme Monjardim. “Né brinquedo, não!”.
Tieta (1989)
Novela de grande sucesso exibida em 1989, adaptação do romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado, por Aguinaldo Silva e é ambientada na fictícia cidade de Santana do Agreste, no Nordeste brasileiro. Conta a história de Tieta (Betty Faria), uma mulher que é expulsa de casa pelo seu pai por sua gana de liberdade e volta depois de 20 anos, trazendo uma revolução moral e tecnológica para a cidade.
A trama teve personagens inesquecíveis que caíram no gosto do público, como a vilã Perpétua (Joana Fomm) e seus bordões e a personagem interpretada pela saudosa Rogéria. Atualmente, é considerada a novela mais assistida da plataforma.
Torre de Babel (1998)
Ambientada em São Paulo, a novela narra a trajetória de redenção de José Clementino (Tony Ramos), homem amargurado que só pensa em vingança após ter sido preso pelo assassinato da mulher.
Apresentada com o slogan “Forte, verdadeira e emocionante”, a trama de Silvio de Abreu exibida em 1998, seguindo a linha de suspense policial, abordou temas que não foram aceitos pelo público em uma sociedade mais conservadora, como a homossexualidade pelas personagens Leila (Sílvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni) e o vício em drogas pelo personagem Guilherme (Marcelo Antony) que acabam morrendo na explosão do Tropical Tower Shopping. A partir daí, a trama sofre mudanças e fica menos violenta onde se torna um sucesso com o público.
Fera Radical (1988)
Escrita por Walter Negrão, a novela exibida em 1988 foi um grande sucesso, protagonizada pela atriz Malu Mader, que era símbolo entre os anos 80 e 90.
Após o extermínio de sua família, Claudia retorna à sua cidade natal disposta a se vingar. Ao se infiltrar nos negócios dos suspeitos do crime, vê seus planos comprometidos pela paixão.
E calma que não foram só essas novelas que entraram no catálogo do Globoplay, confira:
Estrela Guia (2001); Felicidade (1991); Terra Nostra (1999); Top Model (1989); A Indomada (1997); Meu Bem, Meu Mal (1990); Explode Coração (1995) e Kubanacam (2005).